A animação turística e o turismo de cruzeiros



Segundo Cunha (2007:261) “(…) são as atrações que definem os destinos turísticos e constituem uma das principais componentes do sistema turístico: os visitantes deslocam-se para um determinado destino porque aí existem elementos ou fatores, qualquer que seja a sua natureza, que sobre eles exercem uma atração”. Sendo a taxa de repetição na indústria dos cruzeiros elevada, e sendo a experiência de um cruzeiro resultante do conjunto das experiências vividas a bordo do navio e nos portos de escala, consideramos que a animação e atração turística representa um papel fundamental no sucesso do turismo de cruzeiros.
Cunha (2007:261) considera “(…) como atração turística qualquer elemento ou fator que, por si próprio ou em conjunto com outro ou outros, provoque a deslocação de pessoas em resposta a uma motivação ou motivações destas. Enquanto a motivação é a razão, o motivo inerente à pessoa que a predispõe a deslocar-se, a atração é o elemento que responde a essa razão: se o motivo que leva uma pessoa a deslocar-se é cultural o elemento que o atrairá poderá ser um museu, o modo de vida doutros povos ou uma catedral, mas se o motivo for o contacto com a natureza então a atração poderá ser um parque natural ou uma paisagem deslumbrante.”. São várias as motivações dos turistas de cruzeiros, contudo reforçamos que conhecer e vivenciar outras culturas é uma das grandes motivações.
Neste artigo vamos considerar que a indústria dos cruzeiros se relaciona com a animação turística, fundamentalmente, em duas componentes: oferta nos destinos que integram um determinado itinerário e a oferta a bordo dos navios de cruzeiros.
Para Cunha (2007:356) “A procura dos cruzeiros constitui um dos segmentos com maior crescimento não na perspetiva do transporte, isto é, do meio de deslocação para um destino turístico, mas antes na perspetiva de um “produto turístico” ”. Como já referimos existe atualmente a noção de que muitos navios de cruzeiros, dada as suas ofertas e características, são mais do que um “resort flutuante” sendo considerados verdadeiros destinos turísticos em si mesmos. Considerando um navio de cruzeiro como um destino levanta-se automaticamente a questão da importância das várias atividades e vivências existentes a bordo. O sucesso destes fatores contribui fundamentalmente para o aumento do grau de satisfação do turista com o cruzeiro em questão, e principalmente o seu grau de fidelização, quer com o navio quer com a companhia.
Ward (2010) refere que as excursões em terra atualmente são praticamente ilimitadas e bastante ativas, desde andar num elefante na Tailândia, fazer caiaque no Alasca, a caçar um crocodilo na Amazónia. Este autor apresenta uma listagem das cem excursões mais populares, em cruzeiros, relativamente a todo o mundo, onde se encontra incluída uma excursão pela cidade de Lisboa, com visita a Alfama (velha) e ao Museu Marítimo, e outra na Ilha da Madeira, com a descida num cesto de madeira pelas ruas Madeirenses. Os exemplos referidos pelo autor reforçam a tendência de que cada vez mais os turistas pretendem “viver” experiências.   


Vladimir e Dickinson (2008) referem ainda a importância da qualidade de um porto de escala para os turistas que visitam um determinado destino dada a influência que isso terá num futuro regresso a esse destino com uma estadia em terra. Estes autores salientam ainda que do número total de turistas que realizam um cruzeiro entre 60 a 65% são repetentes, o que demonstra a importância da satisfação com os portos e destinos. Consideramos que a satisfação de um turista de cruzeiros com um determinado destino não é só importante no momento em questão, mas também, e muito importantemente, no futuro. Se um turista de cruzeiros ficar interessado e atraído por um determinado destino é provável que opte por regressar ou em cruzeiro ou pelos próprios meios, o que representa um impacto positivo na economia local. Para além disso o facto de um turista de cruzeiros poder recomendar um destino funciona também como um importante, e gratuito, instrumento de promoção de um destino.
Consideramos cada vez mais relevante que o turista de cruzeiros disponha de uma vasta oferta de vivências, quer a bordo de um navio quer num determinado destino.
Dado o grande número de navios de cruzeiros a operarem no mercado é crucial a existência de pequenos fatores diferenciadores e que permitam aos seus passageiros vivências únicas. Vamos utilizar como exemplo a experiência “Dreamworks” existente em alguns navios da frota da Royal Caribbean International. A experiência “Dreamworks” consiste na presença de algumas das figuras de animação dos filmes da Dreamworks a bordo de determinados navios, e que durante os vários dias de cruzeiro animam diferentes áreas do navio. Este programa cativa certamente determinadas famílias e passageiros que entre optar por um navio sem este tipo de animação e experiência, preferem escolher um navio com esta valia.
A importância da animação turística para a indústria dos cruzeiros é bem percetível com a noite de passagem de ano no Porto do Funchal, na Madeira. Graças ao espetáculo de fogo-de-artifício o Porto do Funchal atraí muitos navios de cruzeiros nessa noite para que os seus passageiros possam aproveitar e usufruir da experiência.
Se durante uma escala, por exemplo no Porto de Leixões, os turistas receberam informações sobre o tipo de eventos existentes na cidade do Porto, e mesmo em outras cidades do País, esse factor poderá levar a que alguns desses turistas decidam regressar ao Porto, por exemplo, na noite de S. João, ou no fim-de-semana “Serralves em Festa”. Por este motivo destacamos a importância da existência de postos de turismo nos terminais de cruzeiros que não só potenciem a experiência do turista num determinado destino, mas que também contribuam para cativar os turistas a regressar a esse destino.

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