Caracterização da indústria dos cruzeiros marítimos: as décadas mais recentes - A nível mundial

Amaral (2006) salienta o que Levitt (1960) referiu no seu estudo “Miopia em Marketing” (Universidade de Harvard) quando este chama a atenção para um momento marcante na história da indústria dos transportes, em que as empresas do sector passaram de “transportadoras” a “fornecedoras de serviços turísticos”. Com efeito, as empresas começaram a concentrar-se em aspectos como a diversão e a gastronomia, etc., tendo em conta o ponto de vista dos turistas, ultrapassando a perspectiva de um viajante que procurava apenas deslocar-se de um ponto para outro.
Segundo Ward (2010), o actual conceito de cruzeiro não se alterou muito relativamente ao conceito inicial, apesar da indústria dos cruzeiros ter evoluído, expandido e incluído em pacotes de forma a facilitar o seu consumo. Segundo este autor um cruzeiro atrai actualmente passageiros de todas as idades e de todos os estatutos sócio-económicos.
Quanto à duração de um cruzeiro, são oferecidos, normalmente, itinerários com duração entre 3 e 22 dias, sendo que, esporadicamente, poderão existir itinerários de 45 ou 90 dias (Amaral, 2006). Por sua vez, Ward (2010) refere que a duração de um cruzeiro é geralmente de sete dias, podendo variar entre cruzeiros com dois dias de duração a uma viagem mais demorada à volta do mundo com a duração de 180 dias.
Novos destinos estão sempre a surgir uma vez que os responsáveis pela organização dos itinerários dos cruzeiros tentam diferenciar a oferta de forma a se destacarem da competição. Os itinerários são normalmente criados de forma a incluírem um grupo de destinos, inseridos dentro de uma determinada região que podem ser visitados através de um cruzeiro, normalmente entre 3 a 14 dias (Tourism Queensland, 2006).
Alguns itinerários apresentam para além das escalas, dias de navegação que permitem aos passageiros ter mais tempo para usufruir das várias ofertas existentes a bordo. Para Amaral (2006), os dias de navegação são os que mais beneficiam economicamente as companhias de cruzeiros, uma vez que grande parte dos seus lucros é conseguida na venda de produtos (bebidas, fotografias, etc.) a bordo e nos jogos do casino.
Para Amaral (2006), o desenvolvimento da indústria dos cruzeiros nos últimos 20 anos pode ser considerado como um dos maiores da indústria do turismo.
Segundo Ward (2010), actualmente as companhias de cruzeiro visitam cerca de dois mil destinos, desde as Caraíbas à Antárctica, desde o Mediterrâneo ao Báltico, do Norte Europeu ao Pacífico Sul.
A região onde se realizam mais cruzeiros é a das Caraíbas, seguida do Mediterrâneo, Alasca e Europa (Tourism Queensland, 2006).
Ward (2010) apresenta uma série de destinos de cruzeiros marítimos: Caraíbas, Alasca, Europa e Mediterrâneo, Médio Oriente, África do Sul e Índia, Rivieira Mexicana, Canal do Panamá, América do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Oriente.
Amaral (2006) salienta que os principais destinos do sector são as Bermudas, Bahamas, Riviera Mexicana, Havai, Caraíbas Oeste, Caraíbas Sul, Caraíbas Leste, Mediterrâneo, Ilhas Gregas, Norte da Europa, África, Austrália, Nova Zelândia, América do Sul, Ásia, Polinésia, Canal do Panamá e Alasca, havendo ainda cruzeiros mais longos que passam por várias zonas do globo, e de outros locais passíveis de serem visitados sazonalmente.
Para Edmunds e Lomine (2007), as principais regiões onde se realizam cruzeiros são as Caraíbas e o Mediterrâneo.
A zona das Caraíbas é, segundo Amaral (2006), a líder como destino de cruzeiros, oferecendo aos turistas a beleza natural da região. Já os cruzeiros realizados no Mediterrâneo e no Norte Europeu são caracterizados por uma oferta mais cultural e histórica.
Para além das alterações que têm ocorrido nas últimas décadas em termos de tipo de navios utilizados, ofertas de actividades a bordo do navio, qualificação e experiência da tripulação, têm-se, também, assistido a uma diversificação dos destinos dos cruzeiros, como por exemplo: da Antárctica para Acapulco, das Bermudas para Bergen, de Dakar para a República Dominicana, de Shangai para St. Thomas.
Na região das Caraíbas são realizados cruzeiros durante o ano inteiro, com excepção dos períodos em que ocorrem furacões e tempestades tropicais. Nesta região ocorrem partidas quase diárias dos principais portos existentes na Florida: Miami, Fort Lauderdale, Port Canaveral, entre outros, e ainda, com partida do porto de San Juan em Porto Rico (Amaral, 2006).
Os cruzeiros com partida do porto de Nova York e com destino às Bermudas realizam-se entre os meses de Abril e Outubro. As travessias do Canal do Panamá decorrem entre Setembro e Abril. No Alasca os cruzeiros realizam-se entre os meses de Maio e Setembro. No caso do Mediterrâneo, Norte da Europa e Ilhas Gregas, os cruzeiros realizam-se entre Abril e Novembro. Os cruzeiros com destino ao Oriente, Austrália e Nova Zelândia realizam-se entre Outubro e Abril (Amaral, 2006).
Numa altura em que a indústria de cruzeiros se encontra a amadurecer, surgem algumas evidências em que os turistas que realizam habitualmente cruzeiros marítimos estão agora a começar a experimentar cruzeiros fluviais e vice-versa (Travel & Tourism Analyst, 2010). A indústria dos cruzeiros apresenta uma taxa de repetição elevada e a partir do momento em que um turista fica cativado por este tipo de férias, gosta de experimentar diferentes navios e de explorar diferentes destinos (Travel & Tourism Analyst, 2010).

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A animação turística e o turismo de cruzeiros

Portos de escala e portos turnaround

Ofertas de emprego na MSC Cruzeiros